:Câncer de cólon: o que é a doença que causou a morte do Rei Pelé

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Câncer de cólon: o que é a doença que causou a morte do Rei Pelé

Câncer de cólon: o que é a doença que causou a morte do Rei Pelé

O Rei do futebol morreu, aos 82 anos, em consequência de tumores no intestino e a médica oncologista Erika Simplicio explica sintomas, tratamento, os mecanismos de metástase e prevenção

O mundo chora a morte do maior jogador de futebol de todos os tempos. Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, morreu na tarde desta quinta-feira (29/12) aos 82 anos em função de um câncer de intestino, um dos mais letais. No mundo, o colorretal é o terceiro câncer que mais mata. A doença pode englobar tumores no cólon, no reto ou em ambos, podendo atingir ainda o ânus. No caso de Pelé, o foco era no cólon, mas já havia metástase em outros órgãos. O tumor foi identificado em setembro de 2021, segundo boletins do Hospital Albert Einstein, onde Pelé estava internado desde 29 de novembro. Na época, o ex-jogador chegou a fazer uma cirurgia para retirada do tumor. Mas como explica a médica oncologista Erika Simplicio, às vezes uma célula escapa.

- Mesmo em uma cirurgia em que se retira o câncer todo, pode haver uma recidiva. A gente pode ter uma célula que escapa, cai na circulação e atinge um outro órgão, causando a metástase. Isso atinge principalmente fígado e pulmão - observa, antes de esclarecer sobre causas, sintomas, diagnóstico e tratamento da doença, além de fatores de risco modificáveis que podem ajudar a preveni-la.

O que é

O câncer de intestino ou colorretal é uma doença caracterizada pelo surgimento de tumores malignos no cólon, que é uma parte do intestino grosso, além do reto e do ânus — Foto: Istock Getty Images

O câncer de intestino ou colorretal é uma doença caracterizada pelo surgimento de tumores malignos no cólon, que é uma parte do intestino grosso, além do reto e do ânus. Na maioria das vezes, é precedido pelo aparecimento de adenomas, pólipos que podem ou não evoluir para o câncer. Ou seja, nem todo pólipo se torna um câncer, mas quase todo câncer é precedido por um pólipo.

Sintomas

Pólipos no intestino: esse é o primeiro sinal de uma possibilidade de câncer futuro e deve ser investigado — Foto: Istock Getty Images

Gerais:

  • Alteração nos hábitos intestinais, com diarreia frequente ou constipação;
  • Sangue nas fezes;
  • Dor, com presença de cólicas abdominais, especialmente durante a evacuação;
  • Alteração no formato das fezes, que ficam mais finas, delgadas;
  • Anemia crônica;
  • Perda de peso;
  • Fadiga.

Quando há metástase no pulmão também há:

  • Falta de ar;
  • Tosse.

Quando há metástase no fígado também há:

  • Pele amarelada;
  • Enjoo, náuseas;
  • Vômito;
  • Inapetência.

Quando há metástase nos ossos também há:

  • Dor óssea.

Causas e fatores de risco

O câncer de intestino é o terceiro tipo de câncer que mais mata no mundo — Foto: Istock Getty Images

A médica explica que a doença é multifatorial. Um dos fatores, no entanto, é genético: ter parentes que já tiveram câncer de intestino é indicativo de aumento de chance de desenvolver a doença. Mas há vários fatores de risco, alguns modificáveis, como mostraremos abaixo.

Fatores de risco não modificáveis:

  • Histórico familiar (genético);
  • Ter uma doença inflamatória intestinal, como doença de Crohn e retocolite;
  • Presença de uma síndrome genética, como polipose adenomatosa familiar e síndrome de Lynch.

Fatores de risco modificáveis:

  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Consumo frequente de alimentos ultraprocessados;
  • Alcoolismo;
  • Tabagismo.

Prevenção

Fazer o rastreamento de pólipos e do tumor ainda em seu início através do exame regular de colonoscopia é fundamental para tentar descobrir a doença precocemente. Os sintomas citados acima normalmente só começam a aparecer quando o câncer já está avançado, e os exames de rastreamento são importantes para que ele seja descoberto antes de se agravar.

- A taxa de cura é diretamente proporcional ao quão precoce é o diagnóstico, e pode chegar a mais de 90% em tumores iniciais localizados, sem acometimento de linfonodos - destaca a oncologista.

Mudanças de hábitos que cortem fatores de risco também fazem toda a diferença no prognóstico da doença, e evitar sedentarismo, cigarro, álcool e alimentos ultraprocessados é fundamental, além de manter um peso adequado à altura e à composição corporal de cada pessoa. Em matéria sobre o caso do ator Chadwick Boseman, o Pantera Negra dos filmes da Marvel, também morto em função da doença, o pesquisador Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressalta que a atividade física têm grande influência na prevenção e no tratamento.

- O Fundo Global de Pesquisa em Câncer reconhece o papel da atividade física na redução de risco de três tipos de câncer: de mama, colorretal e de endométrio, especialmente os dois primeiros. Já o Colégio Americano de Medicina do Esporte inclui os de bexiga, esôfago, estômago e rins, além dos três primeiros. O certo é que mama e colorretal são uma unanimidade em todo o mundo - comenta Leandro, que desde 2014 pesquisa a relação entre atividade física e câncer.

Segundo um dos estudos liderados por Leandro e publicado em 2019, praticar um mínimo de 150 minutos semanais de atividades físicas regulares na adolescência ou na vida adulta diminui o risco de aparecimento de adenomas em 10%, enquanto praticar continuamente na adolescência e na vida adulta reduz em 24%.

Já Erika revela que o consumo de carnes processadas e outros alimentos ultraprocessados aumenta o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer em 16%.

- Adotar hábitos saudáveis tem impacto positivo tanto na prevenção quanto no prognóstico da doença e diminuição da chance de recidiva (volta do câncer) - afirma a oncologista.

Dicas de prevenção:

  1. Praticar pelo menos 150 minutos semanais de atividades físicas regularmente;
  2. Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, que têm efeito protetor sobre o intestino e reduzem o risco em 10%. Exemplos: frutas, verduras, cereais integrais;
  3. Ter uma dieta rica em cálcio, já que o mineral previne o desenvolvimento de pólipos. Exemplos: produtos lácteos (leite, queijos e iogurtes), amêndoas, castanha do Pará, avelã, vegetais verde-escuros, peixes (sardinha, corvina, manjuba);
  4. Evitar a ingestão de álcool, só consumindo em ocasiões sociais eventuais;
  5. Não fumar;
  6. Diminuir o consumo de carnes vermelhas e cortar o de processadas;
  7. Manter um peso adequado à sua altura e composição corporal;
  8. Fazer um rastreamento, com exames médicos específicos, após os 45 anos, ou antes, no caso de ter histórico familiar ou de doenças inflamatórias intestinais. Nesse caso, deve-se começar com os exames dez anos antes da idade em que o familiar apresentou a doença.

Diagnóstico

  • Colonoscopia, o exame feito regularmente para rastreamento de pólipos e tumores no intestino. Deve ser iniciado entre aos 45 anos, e ser realizado a cada cinco anos em pessoas sem histórico familiar nem fatores de risco preponderantes, quando não há achados. No caso de haver histórico familiar, doença inflamatória ou de se encontrar alguma lesão, o exame passa a ser anual. Pessoas com histórico familiar também podem começar a realizá-lo antes dos 45 anos.
  • Biópsia de lesões suspeitas, caso elas existam e sejam reveladas pela colonoscopia;
  • Exame de sangue para dosagem de CEA (antígeno carcinoembriônico);
  • Exames de imagem como:
  1. Tomografia de tórax, abdômen e pelve, para rastreamento do câncer e de metástases de pulmão e outros órgãos;
  2. Ressonância magnética, para melhor visualização do fígado;
  3. PET-CT, para diversos casos, a serem avaliados pelo médico oncologista.

Tratamento

Quando a doença é localizada na área de cólon, reto e ânus, os tratamentos podem incluir:

  • Cirurgia para retirada do tumor;
  • Quimioterapia;
  • Radioterapia;
  • Tratamentos locais, como embolização e radiofrequência;
  • Imunoterapia em casos selecionados.

Quando há metástase, as opções são:

  • De forma geral, faz-se quimioterapia ou imunoterapia, que são tratamentos sistêmicos;
  • Cirurgias e alguns tratamentos locais selecionados;
  • Embolização no fígado, ou seja, identifica-se se o tumor tem um vaso que o nutre e faz-se o bloqueio desse vaso;
  • Radiofrequência, um tratamento novo em que se queima o caminho de nutrição do tumor, introduz-se uma agulha na área com metástase e dá-se um choque nela;
  • Radioterapia, gerando um bloqueio das células do tumor.

Érika ressalta ainda que, além do tratamento para a doença em si, pacientes com câncer, especialmente com metástase, se beneficiam do acompanhamento de uma equipe multidisciplinar de cuidados paliativos. E ressalta que cuidados paliativos não são medidas destinadas apenas a pacientes terminais, mas também aos que estão em tratamento para uma série de doenças, incluindo o câncer, para redução de dor, fadiga, náuseas e outros sintomas, inclusive psicológicos, como ansiedade e depressão. O objetivo é dar qualidade de vida.

- O tratamento oncológico foca na doença, já os cuidados paliativos focam no doente. Eles fazem parte da fase terminal da doença, mas não são nem devem ser exclusivos dela. A sua instituição precoce, junto com o tratamento da doença, ajuda na busca de mais tempo de vida com qualidade - reforça Erika.

Fonte:
Erika Simplicio é médica oncologista clínica da Clínica First.

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Fonte: Globo
Por: Reda��o
Data: 29/12/2022 17h14min

Hospital do Câncer de Londrina


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