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Dólar fecha em R$ 5,65, maior nível em mais de dois anos e meio

Aumento de probabilidade do candidato republicano Donald Trump vencer a eleição presidencial americana e novos ataques do presidente Lula ao Banco Central voltaram a pressionar o real

Por Marília Almeida e Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo

dólar subiu firme na sessão desta segunda-feira (1) e renovou o seu maior nível em mais de dois anos e meio, chegando à máxima de R$ 5,657. No final da sessão, a moeda americana registrava alta de 1,17% e era cotada a R$ 5,653. O patamar só não é maior do que a cotação do dia 10 de janeiro de 2022, quando fechou cotada a R$ 5,674.

Na sexta-feira (1º) houve formação da Ptax, cotação de referência para a moeda americana e muitos contratos futuros venceram por conta do final do mês, o que pressionou o dólar para cima. Portanto, alguns investidores realizaram lucro pela manhã, o que levou a moeda americana a abrir em queda ante o real.

Mas logo a moeda inverteu o movimento por conta do aumento das taxas dos títulos do Tesouro americano, que levou a uma valorização global do dólar e pressionou especialmente as divisas de mercados emergentes.

Isso porqueo primeiro debate presencial entre o candidato republicano Donald Trump e o atual presidente americano, o democrata Joe Biden, aumentou a probabilidade de uma vitória de Trump. explica David Kohl, economista-chefe do banco suíço Julius Baer.

Ou seja, políticas comerciais mais rigorosas, incluindo tarifas mais altas, e impostos mais baixos estão se tornando mais prováveis em 2025 e, em antecipação, valorizaram o dólar americano"

Os investidores continuaram ainda atentos aos riscos locais. Logo pela manhã o relatório Focus mostrou uma maior desancoragem nas expectativas de inflação e também novas revisões de estimativas para o câmbio neste e nos próximos anos.

Posteriormente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a atacar o Banco Central e sua independênciaainda que tenha dito que vai buscar controlar a inflação. "Mas o mercado reagiu mais à crítica", diz Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos.

Gustavo Sung, economista-chefe da casa de análises Suno, reforça a visão, e aponta que tem gerado desconforto no mercado os ruídos políticos em torno do BC, relacionados à sua autonomia e ao atual patamar de juros.

"O mercado tem dúvidas sobre a próxima gestão da autoridade monetária, que assume no ano que vem: se será mais leniente ou não com a inflação. Em paralelo, o presidente tem sinalizado que não deve mexer nas vinculações da previdência, o que deve dificultar o cumprimento da meta fiscal"

Para Sung, o governo tem de sinalizar melhor como vai atacar as despesas. "Há um desgaste na agenda arrecadatória. O mercado não olha apenas a foto, mas o filme. Se não houver ajuste, a dívida pública deve acelerar nos próximos anos".

expectativa para a inflação deste ano saiu de 3,98% para 4%, em movimento igual ao das últimas semanas. Para a Selic deste ano, a mediana das expectativas ficou em 10,50%, mesmo patamar após subir há duas semanas. Por fim, a projeção para a moeda norte-americana também voltou a subir, assim como nas duas últimas semanas: saiu de R$ 5,135 para R$ 5,20.

O dólar fechou o semestre passado em R$ 5,588, uma valorização de 15,14% desde o início do ano. São diretamente responsáveis por essa alta as taxas de juros norte-americana (lembrando que, no começo do ano, o mercado financeiro apostava em três cortes e que ainda não há definição pelo banco central americano de quando começará a reduzir as taxas) e o risco fiscal brasileiro, aponta Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas. "O governo tenta aumentar a arrecadação e falha em cortar despesas". 

Apesar do feriado de 4 de julho nesta quinta-feira, a semana é cheia no mercado americano. No centro das atenções, estão a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que será divulgada na quarta-feira (3), e os dados de emprego do “payroll”, que saem na sexta-feira (5). Além disso, os investidores também monitoram falas de Jerome Powell, presidente da autoridade monetária em evento amanhã (2).

Na última sexta-feira (28), a moeda americana valorizou 1,51% e era cotada a R$ 5,590, atingindo o maior nível de fechamento em mais de dois anos em meio. No dia 10 de janeiro de 2022, a moeda americana encerrou cotada a R$ 5,674. Isso significa que, no semestre, a moeda avançou 15,17% em relação ao real.

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Fonte: Valor
Por: Redação
Data: 01/07/2024 20h52min

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