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Crise faz universitários trabalharem com faxina

Conheça as histórias de integrantes da "geração perdida " do mundo rico - profissionais qualificados que não conseguem trabalho por causa da crise.

Por causa da crise econômica e das medidas de austeridade adotadas por alguns governos de países ricos, um número crescente de jovens profissionais qualificados, na faixa dos 20 a 30 anos, estão desempregados.

Frustrados, após terem se esforçado tanto para conseguir um diploma, eles vivem de bicos, da ajuda da família ou pensam em emigrar. A BBC Brasil ouviu a história de alguns desses jovens que fazem parte do que a imprensa e economistas de seus países vêm chamando de "geração perdida" ou "geração desperdiçada":

Fotógrafa quer ir para o Brasil

A espanhola Laia Buira Capdevilla, de 32 anos, está desempregada há dois anos e três meses. A jovem vem de uma família humilde de Lleida. "Meus pais só estudaram o ensino fundamental, mas meu irmão é engenheiro agrônomo e eu me formei em Fotografia Artística e fiz cursos na área de arte dramática", conta.

Nos últimos anos, Laia trabalhou de garçonete, cozinheira, telefonista, monitora de crianças, carpinteira e palhaça. Também trabalhou como fotógrafa autônoma, mas o salário mal cobria as despesas e os impostos. A saída que encontrou foi entrar no mercado informal.

"Há seis meses, decidi que não quero mais ficar na Europa. Estou economizando para ir para o Brasil ou para o Chile", diz. "Gosto do meu país, da minha casa, da minha língua, mas não posso mais. Penso muito no meu avô, que é de uma geração que batalhou pela restauração da democracia. Agora, ele está vendo os netos tendo de ir embora do país para conseguir trabalho."

Recém-formada já mandou 800 currículos

Ava Givian, de 26 anos, terminou o colégio na Grã-Bretanha e teve um desempenho excepcional nos exames que contam para a entrada na universidade. "Não saía de casa, só estudava", disse. Ainda na escola, fez um treinamento e começou a trabalhar como enfermeira, mas o pai sociólogo lhe convenceu que era preciso continuar os estudos.

Há sete meses, formou-se na South Bank University, em Londres, no curso de Criminologia. Queria trabalhar em um órgão que supervisiona o trabalho da polícia na Grã-Bretanha ou fazer algo relacionado à área, mas, após mandar de 800 a 900 currículos, está perdendo as esperanças. "Os poucos empregadores que estão recrutando exigem experiência, mas, se eles não nos contratam, como vamos conseguir isso?", diz.

A recém-formada ainda tem de pagar a dívida de 9 mil libras (R$ 29.400) que contraiu para financiar o curso. "Meu plano é voltar a trabalhar meio expediente como enfermeira para me manter enquanto faço um estágio não remunerado", diz. "Se não der certo, teria de cogitar outros tipos de empregos. Minha irmã socióloga chegou a trabalhar em supermercado"

Pedagoga trabalhará como faxineira

Natural de Conceição do Araguaia, em Portugal, Tainara Candeias, de 28 anos, já decidiu: vai emigrar para a Inglaterra. "Já fiz de tudo em Portugal. Trabalhei em pecuária, na criação de porcos, em estufa de flores, como garçonete, como ajudante de cozinha e na área de limpeza". Só não trabalhou na área em que tem formação: pedagogia.

Em seu último emprego, recebia menos do que o salário mínimo, que é de 485 euros (R$ 1.280) . "Só não passei fome porque Deus não deixou. Ganhava 420 euros (R$1.100) e só para o quarto em que morava tinha de pagar 200 euros (R$ 530). Além disso, também precisava pagar pelo transporte e pelos remédios para minha bronquite".

Em Londres, onde trabalhará como faxineira, ela acredita que sua situação vá melhorar. "Estive lá neste mês e sei que poderei receber de 1.200 a 1.300 libras (R$ 3.900 a R$ 4.300), dependendo do número de horas que conseguir trabalhar".

Jovem entregava pizza sonhando defender trabalhadores

O espanhol José Manuel Migales Mendonza, de 29 anos é formado em Relações Trabalhistas - curso que mescla direito e ciências políticas - e está desempregado há 10 meses.

"Já fiz de tudo: entrega de pizza, gestão de transportes, contabilidade. Venho de uma família com poucos recursos econômicos. Minha mãe é operária em uma fábrica, aposentada, e meu pai, carpinteiro", afirma. "Ainda moro com eles e só sairei de casa quando puder comprar um imóvel"

Ele diz que fez a faculdade de Relações Trabalhistas porque queria ser representante jurídico de trabalhadores em ações da esfera social. "Mas está impossível encontrar trabalho", afirma. "Somos muitos para poucas vagas."

Também foi aprovado no curso de Direito em Barcelona, mas teve de trancar a matrícula porque não consegui pagar o curso. "Meu maior sonho é trabalhar na área em que estudei."

Ator virou funcionário do cinema

O britânico Myles Morgan, filho de um motorista de ônibus, resolveu seguir o sonho de estudar artes dramáticas. Formou-se na Universidade de Middlesex, após quatro anos de estudos, que pagou com um empréstimo de 9 mil libras (R$ 29.400).

Formado há um ano, o mais próximo que chegou de seu sonho de ser ator foi trabalhar em um cinema, do qual foi demitido há um ano. "Fazia de tudo lá. O trabalho era cansativo e não pagava muito, mas o lado bom era que tínhamos ingressos de graça para algumas sessões", afirma.

"Agora já estou mais conformado que provavelmente não vou usar o que aprendi no curso e procuro qualquer trabalho - vendedor, o que for. Mas está difícil. Entendi que, com essa crise, sonhar é para os ricos - nós temos de lutar para pagar as contas."

Espanhol quer ser varredor para financiar estágio não-remunerado


O espanhol Nil Vila Martínez, de 23 anos, é formado em Relações Trabalhistas e está desempregado há dois meses, embora esteja sem salário há mais tempo. Ele fez um estágio não-remunerado e, no fim, a empresa disse que não poderia contratá-lo. Mesmo assim, pediu a renovação do contrato.

"Trabalhei de graça para adquirir experiência", diz. "Em geral, o primeiro que procuro são vagas na minha área de formação, mas não me iludo. Se aparece algum outro posto de trabalho, que seja para varrer o chão, eu me candidato também."

O jovem estudou inglês durante um verão em Malta e agora faz um mestrado em prevenção de riscos no trabalho. Também se engajou recentemente em um partido político. "A situação do país está pior do que o que as pessoas realmente creem", diz. "Vivemos uma involução. Por isso, há essa "fuga de cérebros" para outros países."

Empreendedora perdeu tudo e emigrou

A irlandesa Denise Wynston teve de se mudar de Dublin, na Irlanda, para a Grã-Bretanha. Empreendedora, ela abriu um pequeno negócio de distribuição de tecidos em 2004 que prosperou com rapidez.

Usou o dinheiro para mobilhar a casa, comprar um carro novo e ajudar a mãe e outros parentes que vivem no Benin. Também foi visitar o irmão na Califórnia e parte da família que mora na África.

Mas a crise de 2008 fez os negócios secarem e a empreendedora foi obrigada a emigrar. "Perdi todo o meu negócio. Para piorar não havia empregos em meu país. A situação lá está ainda pior do que na Grã-Bretanha", afirma. Após a quarta entrevista, Denise está esperançosa de que conseguirá trabalho em uma loja de departamentos.

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Fonte: BCC
Por: Antonio Delvair Zaneti
Data: 15/10/2012 12h59min

Hospital do Câncer de Londrina


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