:Planejamento garante sucessão familiar sem atritos

O painel “Sob novo Comando: Vamos falar de Sucessão Familiar”, realizado dia 13 na 61ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, reuniu diversas famílias na sede da Sociedade Rural do Paraná, no Parque Governador Ney Braga.  Além de palestras, foi apresentado um caso real de sucessão e outros dois em planejamento.

Os palestrantes destacaram a importância do planejamento de sucessão em empresas e propriedades rurais familiares para garantir uma transição de gestão sem atritos, que não impacte negativamente nos resultados financeiros.

Dentro do tema planejamento sucessório familiar e patrimonial, o economista Carlos Magno Bittencourt, do Isae de Curitiba, explicou como fazer a transferência do patrimônio ainda em vida para evitar gastos com tributos, encargos e honorários advocatícios.

“Na verdade, a nossa orientação é que a família faça um inventário em vida e não esperar que a pessoa venha a faltar. Neste momento queremos mostrar esses benefícios quando isso é realizado ainda em vida”, afirma Carlos Magno.

Ele disse que no Brasil este recurso não é muito comum. “No Brasil existe um arcabouço legal que às vezes complica a vida das pessoas, porém a pandemia (Covid-19) trouxe esta preocupação e acelerou algumas famílias a procurarem informações sobre o planejamento em vida”.

Segundo ele, é necessária uma governança corporativa, por meio da criação de uma holding familiar, onde todo patrimônio fica ancorado e tenha uma gestão cuidando disso especificamente.  

No Brasil, disse o economista, as famílias têm receio de fazer a sucessão, entretanto, na Europa tem empresas que estão na oitava geração familiar, enquanto no Brasil chega a duas ou no máximo três gerações.

O advogado Wesley Tomaszewski, da Fundação Getúlio Vargas, em Londrina, disse que é preciso entender o que é a sucessão. “No contexto geral, a sucessão pode ser pela lei ou quando não há manifestação de vontade. “O tema sucessão antes não era conversado, porque fala-se em morte e nem sempre as pessoas estão preparadas”, comentou.

A diretora da BTG Pactual, Renata Castro, entende que o planejamento patrimonial e sucessório é uma “ blindagem relevante para a família”. “Temos alguns instrumentos que ajudam neste processo: a previdência privada, pensando num planejamento fiscal e tributário e o seguro de vida, visto como uma blindagem utilizada para sucessão”.  

Casos reais de sucessão

A empresária Roberta Meneghel contou sua experiência à frente dos negócios da família. Ela assumiu no final do ano passado a presidência da indústria de cereais de inverno da família, no Paraná. Formada em 2005 em Administração de Empresas pela Insper, Roberta disse que mesmo antes da universidade já conversava sobre sucessão com a família.

“Logo que me formei fui para a empresa como trainee, coincidentemente, nesta época, a gerente financeira pediu demissão e meu pai me convidou para ser a gerente financeira. Assumi em fevereiro de 2006. É claro que combinamos algumas regras, por exemplo, na empresa ele era o senhor Luiz e, em casa, apenas pai e isso deu muito certo, porque sempre nos respeitamos”, disse ela.

Na indústria de cereais ela passou por todas as áreas durante dois anos. Também atuou fora da empresa, assumindo cargo no setor financeiro da Sociedade Rural do Paraná, onde também foi vice-presidente.  

Para assumir a presidência da empresa, Roberta sentiu a necessidade de fazer outras especializações. “Fiz um MBA na Esalq/USP e atualmente faço um curso em Havard para altos executivos e pessoas na linha de sucessão familiar”, contou ela.

A avó de Roberta, senhora Carlota Meneghel, estava presente no evento e disse se sentir muito satisfeita com todo planejamento que foi feito para fazer a sucessão dos negócios da família em vida. Roberta é a terceira geração da empresa.

Irmãos Moreira Zorzatto

Os irmãos da família Moreira Zorzatto, Fabiana e Rafael, contaram como estão lidando com os negócios da família. Formado em Engenharia de Produção, Rafael fez pós-graduação em Gestão Hoteleira, porque seu sonho era construir um hotel fazenda na propriedade da família.

“Com o divórcio dos meus pais, há 13 anos, minha mãe me chamou para ajudá-la a gerir a propriedade. Naquele momento, arrendamos a área de lavoura e me dediquei na parte pecuária durante esses 13 anos, melhorando a parte de infraestrutura, gestão e genética. Sempre ficava de olho na parte agrícola para tocarmos de novo”, disse.

Com o passar dos anos, Fabiana mostrou interesse em ajudar na propriedade. “Há três anos, pegamos a área arrendada, dividimos as responsabilidades e estamos tocando”, contou Rafael.

A família ainda não fez a sucessão legal, mas para estruturar a propriedade foi feito um contrato de parceria entre eles e a mãe para que pudessem fazer algumas operações financeiras. “A sucessão a gente está procurando se informar, é uma questão de planejamento, mas o importante é trabalharmos em algo que gostamos”, disse Fabiana.

“A propriedade rural foi adquirida pelo meu avô (ex-prefeito Wilson Moreira) e depois passou para minha mãe. Naquela época tinha muita lavoura de café na região e desde pequena eu amava ir para a fazenda, sempre gostei da natureza, dos animais, do campo”, contou ela, que é advogada, mas atualmente trabalha apenas na fazenda.

Para Rafael, isso tudo fortaleceu ainda mais a união dos irmãos. “O grande cerne é saber lidar com as questões familiares e profissionais. O resultado tem sido muito positivo e muita coisa mudou para melhor”, comentou.

O presidente da SRP, Marcelo El-Kadre, parabenizou os participantes do evento e afirmou que este tema será debatido outras vezes na SRP. “Que esta ação se repita muitas vezes nesta casa”. 

Crédito das fotos: Rei Santos

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Fonte: Expo Londrina
Por: Reda��o
Data: 15/04/2023 23h43min